domingo, 14 de outubro de 2012

Poesia

Escutou algo? É o som das horas que se passam enquanto o tempo muda. Avança, e mudo.

É hora de fazer poesia.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Escolha



Naquela tarde de setembro, o cansaço escapava no suor frio das minhas mãos. Enquanto o fardo das escolhas erradas pesava sobre minha espinha, me arrastei até o outro cômodo onde não me lembrava a infelicidade.

Experiência. Repeti várias vezes até encontrar a resposta. A resposta certa veio em imagens rápidas e confusas. Aquilo, não era passageiro, e o fato era de que eu sabia que tudo o que aconteceu, não me ajudaria a ser mais experiente no futuro.

Era uma tarde quente, o ar estava quente, e eu me sentia pesada. Foi quando decidi escolher a felicidade. Esse sentimento combinava com o ar leve que soprava pelo pequeno vão da janela. Ah, mas se felicidade fosse uma escolha... exitei, é normal exitar quando se está prestes a dar um passo gigante. Mal sabia o quanto de tempo perdi diante daquela escolha, mas com certeza, o tempo perdido não foi maior do que aquele que já tinha ido embora, sem me trazer absolutamente nada.

Eufórica, joguei fora alguns papeis, lembranças, presentes, lixo. Tudo se foi. Mais um passo. Minutos depois, já mais leve, ponderei antes de extrair o primeiro ser de mim. Pessoas são seres dentro de outro seres. Não sou eu porque sou eu só, sou eu porque sou todo mundo ao meu redor. A maior parte da essência some ainda na infância, nos tornamos produto de nossas interações. O pouco que sobra é chamado de identidade, o resto é só aparência. Pensei sobre isso, então extrai mais um.

Não é egoísmo, é a felicidade que mesmo leve, tem um peso enorme. Custa caro. Alguns seres foram arrancados de mim, nas entranhas, ainda sinto o gosto deles, as opiniões, as falsas promessas. as pequenas felicidades que disfarçavam o grande absurdo que é o abuso. Fui abusada repetidamente por pessoas que sugavam minha essência e me faziam acreditar que era direito delas obter de mim o pouco de mim mesma. Ah, como é bom ser quem sou novamente.

Olha para trás, não faz muito tempo, eu não era mais eu. A escolha é diária, entre as várias opções, sou a menor de todas. Mas mesmo assim, estou nesse momento, eme escolhendo. Aos outros, espero que se escolham também.

sábado, 7 de julho de 2012

A inconstância depende de experiências. Se muitas, há muitas variantes, nos tornando um ponto eminente de catarse. Somos inconstantes com o tempo.


Contra mulheres inconstantes 

por Geoffrey Chaucer

1 Senhora, por teu apreço pelas novidades,
2 Muitos criados desgraçaste;
3 Ausento-me da tua inconstância,
4 Pois bem sei que, apesar de teres muito tempo para viver,
5 Não podes amar em um só lugar por meio ano inteiro,
6 Para coisas novas tua luxúria é sempre tão intensa;
7 Assim, em vez de azul, podes te vestir toda de verde.
8 Tal qual um espelho em que nada deixa marcas,
9 Mas, tão leve quanto chega, deve passar,
10 Assim se deu o teu amor, como teus trabalhos dão testemunho.
11 Não há fidelidade que teu coração possa abraçar;
12 Mas, como um galo do tempo que virou sua cabeça
13 Com cada vento, tu viajaste, e isso é pecado.
14 Assim, em vez de azul, podes te vestir toda de verde.
15 Por tua falta de firmeza, deves ser lembrada,
16 Em vez de Dalila, Créssida ou Candace;
17 Tua certeza está sempre em estado cambiante;
18 Que nenhuma criatura arranque tal mancha do teu coração.
19 Se perderes um, bem podes comprar um par;
20 Pouco vestida para o verão, sabes bem do que falo,
21 Assim, em vez de azul, podes te vestir toda de verde. 

Tradução de Gustavo Sartin

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Recomeçando em russo

Olha pro céu, é o mesmo céu que eu olho daqui. Mas as estrelas e as nuvens não são iguais, essas estão ligadas ao chão que piso, e é nele que preciso recomeçar. A cada passo olho para cima e busco possibilidades que só encontrei na terra, na Terra onde vivo, onde estou.


Nuvens

Ó nuvens pelos céus que eternamente andais!
Longo colar de pérolas na estepe azul,
exiladas como eu, correndo rumo ao sul,
longe do caro norte que, como eu, deixais!


Que vos impele assim? Uma ordem de Destino?
Oculto mal secreto? Ou mal que se conhece?
Acaso carregais o crime que envilece?
Ou só de amigos vis o torpe desatino?


Ali não: fugis cansadas da maninha terra,
e estranhas a paixões e o sofrimento estranhas
eternas pervagais as frígidas entranhas.
E não sabeis, sem pátria, a dor que o exílio encerra.



Mikhail Lermontov

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Continuando com Robert Frost

Nada é mais comodo do que a estabilidade. Quando você tem tudo, é aterrorizante a ideia do nada. Mas às vezes, essa ideia nos assombra, torna-se realidade da qual não se pode escapar. O nada transforma-se em tudo o que você tem.

Ficar parado é tentador, ficar estável contemplando a paisagem familiar é seguro, dar um passo a frente rumo ao desconhecido é que é um desafio. Mas eu tenho muito chão para percorrer antes do fim, então melhor eu ir.

The woods are lovely, dark and deep.
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.

- Stopping by the woods in a snowing evening (Robert Frost)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Chaplin e seu brilho próprio

Não fique triste quando ninguém notar o que fez de bom
Afinal...
O sol faz um enorme espetaculo ao nascer,e mesmo assim, a maioria de nós continua dormindo
Charles Chaplin

Há de se reconhecer seu próprio valor. Você pode sero centro do universo para alguém. 

A inteligência de Fitzgerald

O teste de uma inteligência de primeira qualidade é a habilidade de manter duas idéias opostas na mente ao mesmo tempo e ainda guardar a habilidade de funcionar.


E isso é difícil. A procura do equilíbrio é exaustiva. Muitos preferem pender para um lado do que buscar um ponto em comum. Fitzgerald era um homem de pólos diferentes, alegre e melancólico, vivia entre a riqueza e a pobreza decadente americana. Conseguiu o equilíbrio nos livros, onde a vida não permitiu. 


Descubra seu ponto, antes de escolher seu lado.